sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Hipótese do Deutero-Isaías

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Isaías inclui profecias surpreendentemente específicas que se realizaram séculos mais tarde com precisão exata. O valor apologético dessa profecia, no entanto, foi diminuido pela alegação dos críticos de que houve pelo menos dois Isaías. Eles afirmam que o segundo Isaías que viveu em data posterior, registra a história em vez de estabelecer profecias preditivas.

A posição tradicional quanto ao livro de Isaías é que ele foi escrito por Isaías, filho de Amoz, entre 739 e 681 a.C. No entanto, críticos negativos argumentam que ''Proto-Isaías'' abrange os capítulos de 1 - 39, ao passo que Deutero-Isaías escreveu os capítulos de 40 a 66 no século V a.C.

Nesse caso, a incrível profecia de Isaías que incluia a previsão de que um rei chamado Ciro (Is 45:1) seria levantado por Deus para disciplinar Israel perde seu valor profético. Pois, se o próprio Isaías não escreveu isso cerca de 150 anos antes de Ciro nascer, mas depois que ele viveu, não há nada de maravilhoso em saber seu nome.

Uma resposta à hipótese

A posição tradicional de que o livro de Isaías é uma única obra escrita pelo profeta Isaías é apoiada por vários argumentos.

A posição crítica que separa Isaías em dois ou mais livros é baseada na suposição de que não existe profecia preditiva. Teólogos modernos afirmam que as profecias nos capítulos 40 a 55 sobre Ciro devem ter sido escritas depois que Ciro reinou na Pérsia. Essa posição é anti-sobrenatural e tenta explicar essas seções de Isaías como história. No entanto, já que Deus distingue o fim desde o começo (Is 46:10), não é necessário negar o elemento sobrenatural nas profecias de Isaías.

As diferenças entre as duas partes do livro podem ser explicadas de outras maneiras além da abordagem de dois autores. Os capítulos de 1 a 39 preparam o leitor para as profecias contidas no capítulo de 40 a 66, antecipando a invasão de Senaqueribe (cap. 36 e 37) e a decadência espiritual que estava causando a queda de Jerusalém (cap. 38 e 39). Esses quatro capítulos intermediários (36 - 39) não estão em ordem cronológica porque o autor os usa para preparar o leitor para o que se seguirá.

A diferença nas palavras e no estilo de escrita entre as duas seções do livro foi usada pelos eruditos críticos para substanciar sua afirmação de que há pelo menos dois livros diferentes. Essas diferenças, no entanto, não são tão grandes quanto se afirma, e as que realmente existem podem ser explicadas como diferenças no assunto e ênfase.

Nenhum autor escreve exatamente no mesmo estilo usando precisamente o mesmo vocabulário quando escreve sobre assuntos diferentes. Todavia, várias frases encontradas em ambas as seções comprovam a unidade do livro. Por exemplo, o título ''Santo de Israel'' é encontrada 12 vezes nos capítulos de 1 a 39 e 14 vezes em 40 a 66.

Em Lucas 4:17, Jesus levantou-se para ler na sinagoga e ''foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías''. O povo na sinagoga e o próprio Jesus acreditavam que esse livro era do profeta isaías. Outros autores do Novo Testamento aceitam Isaías como autor do livro inteiro. João 12:38 afirma que Isaías foi quem escreveu as afirmações encontradas em Isaías 6:1s. e 53:1. Outros exemplos em que o Novo Testamento atribui partes dos capítulos de 40 a 66 a Isaías incluem Mateus 3:3; Marcos 1:2,3 e João 1:23 (Is 40:3); Mateus 12:17-21 (Is 42:1-4); Atos 8:32,33 (Is 53:7,8); e Romanos 10:16 (Is 53:1).

Os rolos do Mar morto incluem as cópias completas mais antigas do livro de Isaías, e não há espaço no rolo entre os capítulos 39 e 40. Isso indica que a comunidade de Qumran aceitava a profecia de Isaías como um livro completo no século II a.C. A versão grega da Bíblia hebraica, que data do século II a.C., trata o livro de Isaías como um único livro escrito por um único autor, Isaías, o profeta.

Ainda que a crítica pudesse demonstrar que parte ou todo o livro de Isaías foi escrito no século V ou mais tarde, isso não refutaria a natureza sobrenatural das previsões sobre Cristo. Estas foram cumpridas séculos depois da última data possível para sua aparição. Isaías previu o nascimento (Is 11;61) e sua morte pelos nossos pecados (Is 53). Isaías 53 é tão específico e tão messiânico que até a interpretação rabínica desse capítulo antes da época de Cristo o considerava uma previsão sobre o futuro Messias.

Na realidade, V a.C., é uma previsão sobrenatural clara e específica dada centenas de anos antes. Se Isaías teve uma fonte sobrenatural para essa profecia, então não há razão para acreditar que não teve a mesma fonte sobrenatural para a suas previsões sobre Ciro.

Conclusão

A tentativa dos críticos da Bíblia de postular um segundo Isaías posterior ao exílio babilônico não nega a natureza sobrenatural de suas previsões específicas. Eles nem conseguem provar que houve um outro Isaías que escreveu os capítulos 40 a 66. Logo, as predições de Isaías que mencionam Ciro pelo nome mais de 150 anos antes de ele nascer ainda prevalecem. Mesmo que Isaías recebesse data mais tardia em parte ou por inteiro, o livro está cheio de previsões específicas, principalmente aqueles cumpridas literalmente por Cristo, que foram feitas com séculos de antecedência.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Suposto chamado divino de Maomé

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Maomé afirma ter sido chamado por Deus para ser profeta. Na verdade, ele afirmou ser o último dos profetas de Deus na terra, ''o derradeiro dos profetas'' (Surata 33:40). A suposta natureza miraculosa de seu chamado é usada pelos muçulmanos como prova de que o islamismo é a religião verdadeira.

Uma investigação dos fatos, mesmo a partir de fontes islâmicas, revela que a visão que o islã tem de Maomé sofre de um problema agudo de presunção.

Não é possível encontrar, por exemplo, provas da reivindicação de que ele foi chamado para dar a revelação completa e final de Deus nas circunstâncias que envolvem seu chamado.

Elementos do chamado

Sufocado por um anjo. Durante seu chamado, Maomé disse que foi sufocado pelo anjo - três vezes. Maomé disse sobre o anjo: ''Ele me sufocou com o pano até eu achar que iria morrer. Então me soltou e disse: 'Recite!' (Iqra). Quando hesitou, recebeu ''mais duas vezes o maltrato''. [1]

Essa parece ser uma forma anormal de aprendizado coagido, não característico do Deus gracioso e misericordioso que os muçulmanos afirmam que Alá é, assim como contrário ao livre-arbítrio que acreditam que ele deu ás suas criaturas.

Enganado por um demônio? O próprio Maomé questionou a origem divina da experiência. A princípio, pensou que estava sendo enganado por um jinn (espírito malígno). Na verdade, Maomé a princípio ficou com muito medo da fonte dessa nova revelação, mas foi encorajado por sua esposa Khadijah e o primo dela, Waraqah, a acreditar que a revelação era a mesm que Moisés recebera e que ele também seria um profeta de sua nação.

Um dos biógrafos modernos mais respeitados, Muhammad Husayn Haykal, fala vividamente sobre o medo atormentador de Maomé de estar possuído por um demônio:

''Entrando em pânico, Maomé levantou e perguntou a si mesmo: ''O que vi? Será que fiquei possuído como temia?''. Maomé olhou para sua direita e para sua esquerda, mas não disse nada. Ficou ali por um tempo tremendo de medo e estupefato. Temia que a caverna pudesse estar mal-assimbrada e que ele acabasse fugindo, ainda incapaz de explicar o que viu'' [2]

Haykal observa que Maomé antes temia a possessão demoníaca, mas sua esposa Khadjah o convenceu ao contrário. Pois, ''como fez em ocasiões anteriores quando Maomé temeu estar possuído pelo demôno, agora também permaneceu leal a seu marido e desprovida de qualquer dúvida''. Assim, ''respeitosamente, até reverentemente, ela lhe disse: 'Regozije-se meu primo! Seja firme. Por aquele que domina a alma de Khadjah, eu oro e espero que seja o Profeta desta nação. Por Deus, não abandonarei'' [3]

Na verdade, a descrição de Haykal sobre a experiência da ''revelação'' recebida por Maomé é semelhante a de outros médiuns. Haykal escreveu sobre a revelação para remover a suspeita de culpa sobre uma das mulheres de Maomé:


''Maomé não havia se movido de seu lugar quando a revelação veio a ele acompanhada das convulsões costumeiras. Ele ficou estendido nas suas roupas, e um travesseiro foi colocado sob sua cabeça. Aishah [sua esposa] mais tarde relatou: ''Temendo que algo ameaçador estivesse prestes a acontecer, todos na sala estavam com medo, exceto eu, pois não temia nada, porque sabia que eu era inicente...'', Maomé recuperou-se, sentou-se e começou a enxugar a testa onde gotas de suor de juntavam'' [4]

Outra característica geralmente associada a ''revelações'' ocultas é o contato com os mortos (cf. Dt 18:9-14). Haykal, relata uma ocasião em que ''os muçulmanos que o ouviram [Maomé] perguntaram: 'Está invocando os mortos?', e o Profeta respondeu: 'Eles me ouvem assim como vocês, mas não podem me responder''' [5].

Em outra ocasião, Maomé foi encontrado ''orando pelos mortos enterrados naquele cemitério'' [6]. Haykal até admite francamente que

''não há razão para negar o evento da visita do Profeta ao cemitério de Baqi por ser inadequado, levando-se em consideração o poder espiritual e psíquico de Maomé de comunicação com os diversos campos da realidade e sua percepçãom da realidade espiritual que excede a dos homens comuns'' [7]

Silêncio e depressão. Outra coisa w2ue obscurece a suposta origem divina de sua mensagem é o fato de que, depois disso, houve um grande período de silêncio que, segundo alguns registros, durou três anos, durante os quais Maomé entrou em desespero, sentindo-se abandonado por Deus e chegando a considerar o suicídio. Essas circunstâncias não parecem ser características de um chamado divino.

A ''revelação'' satânica. Em outra ocasião, Maomé anunciou uma revelação que achava ser de Deus, mas depois a mudou, afirmando que Satanás havia colocado os versos no texto. Deus teria dito ao profeta: ''Tais (divindades) não são mais do que nomes, com que as denominastes, vós e vossos antepassados, acerca do que Allah não vos conferiu autoridade alguma'' (Surata 53:23; v. 22:51).

Mas infelizmente a mentira humana é sempre uma possibilidade. Os próprios muçulmanos acreditam que todos os que reivindicam ter revelações que se opõem ao Alcorão são mentirosos. À luz disso, é razoável perguntar se os muçulmanos consideram a possibilidade de a primeira impressão de maomé, de que estava sendo enganado por um demônio, ser correta.

Eles reconhecem que Satanás é real e que é um grande mentiroso. Então, por que descartam a possibilidade de o próprio Maomé ter sido enganado, como pensou a princípio?

Fontes humanas para o Alcorão
. Finalmente, alguns críticos não vêem nada de sobrenatural na origem das idéias de Maomé, observando que a grande maioria das idéias no Alcorão têm fontes judaicas, cristãs ou pagãs conhecidas. Até Haykal inadvertidamente indica uma possível fonte das ''revelações'' de maomé. Ele escreveu:

''A imaginação do árabe é forte por natureza. Por viver sob a abóbada do céu e deslocar-se constantemente à procura de pastos ou comércio, e por ser constantemente forçado a extremos, exageros e até mentiras que a vida comercial geralmente acarreta, o árabe é dado ao exercício de sua imaginação e a cultiva continuamente para o bem ou para o mal, para a paz ou para a guerra'' [8]

Conclusão.

A reivindicação de que Maomé foi chamado por Deus não pode ser apoiada pela evidência. Na realidade, a comprovação, mesmo em fontes islâmicas, é justamente a oposta. Além disso, não há confirmação sobrenatural desse chamado.

Finalmente, o caráter de Maomé deixa muito a desejar em relação à sua reivindicação. Comparado ao caráter impecável de Cristo, Maomé torna-se insignificante.

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Referências

[1] T. Andrae, Muhammad: the man and his faith, p.43,44
[2] M. H. Haykal, The life of Muhammad, p. 74
[3] Idem, p.75
[4] Idem, p.337
[5] Idem, p.231
[6] Idem p.495
[7] Idem p. 496
[8] Idem p. 319

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ateu Dramático

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                                                                                                                       Por Snowball

Essa é uma técnica de debate em que o neo-ateu desistirá da argumentação, passando a apelar para as emoções para criticar a ideia de Deus ou a ideia religiosa que estiver em jogo. Ele dirá que Deus é “castrador”, “injusto”, “incompetente”, “deixa crianças jovens morrerem sem aproveitar a vida”, “não tem compaixão para mim”, etc. E o religioso tem que dar uma resposta que conforte o subjetivismo emocional do neo-ateu pois, caso contrário, ele rejeitará tudo aquilo que o teísta acredita.

Um exemplo de ateu que faz seu lado dramático pode ser encontrado abaixo:

FORISTA: Quando nos tornamos Ateus, os motivos nao sao a principio, a falta da existencia de um “ser” (Deus) que surgiu do nada, o que nos faz questionar sao seus supostos atos ou a falta deles, e tbm os argumentos que explicam a auxencia de sua suposta compaixao. Nao temo um ser cruel e castrador. Um dia me perguntei: Quem criou Deus?

Primeiro, um esclarecimento: a definição de Deus não é de um ser que passa a existir. Deus seria um ser eterno, necessário e não-causado. E se existe desde sempre, não existe necessidade de uma causa para ele no estilo “um “ser” (Deus) que surgiu do nada” e “Quem criou Deus?”  como sugeriu nosso amigo. Assim, uma abobrinha já está refutada.

Outro estratagema é o truque Representante do Ateísmo. Veja que ele fala “nós”, “o que nos faz”… Como ele fala só sobre ele mesmo, não pelos outros ateus (pois ateu, segundo os neo-ateus, se caracteriza só e somente só pela “descrença” em Deus), ele não pode usar o quantificador dessa forma (atente, pois isso é usualmente usado para fazer self-selling do grupo neo-ateu: “nós pensamos”, “Nós refletimos”, “nós temos pensamento crítico”, “nós olhamos as evidências”, “nós representamos o pensamento científico”, “nós não precisamos do conforto de Deus”, etc).

Finalmente, sobre o truque em si, você vai observá-lo quando o neo-ateu começar a jogar um monte de frases que tenham apenas conteúdo emocional, mas não um suporte racional forte. Aí é só perguntar: “E desde quando seu emocionalismo virou argumento?”

Se ele deseja argumentar, então ele deve construir um raciocínio com etapas, dando justificativas para cada uma. A metralhadora de afirmações puramente emocionais ao vento não serve para NADA em termos argumentativos. Se ele só desejava “desabafar”, certo, ele vai desabafar. Mas isso tem tanta relevância quanto pequenas autobiografias tem em contexto de debate –
nenhuma.

É interessante observar que as melhores objeções ao teísmo não tomam forma de argumento, mas de apelo emocional (que é uma forma de falácia). A primeira é o apelo ao ridículo (comparar Deus com algo estranho e categorizar como a mesma coisa), a segunda é o apelo ao orgulho (“Você estará representando a ciência", etc) e a terceira é o apelo ao desconforto emocional (“Religião causa guerras”, “Deus não tem compaixão”, etc). 

Naturalmente, isso não passa por um crivo argumentativo. E a melhor forma de ver isso é que se essa fosse uma forma correta de argumentação, então tanto o ateísmo quanto o teísmo seriam verdadeiros. Basta um argumento teísta ser construído no mesmo sentido emocional dos argumentos anteriores. Por exemplo, o argumento da morte humana: “Mas você acha que tudo vai acabar para todo homem, sem mais nem menos? Que o homem morre e que não há nenhum Deus? Que o homem, que seria a mais desgraçada das criaturas, chega ao túmulo apenas dormir o sono eterno? Todas nossas amizades, todas as nossas lutas, todas as coisas que julgamos ser ações boas e nos sacrificamos por elas… Tudo isso foi tudo em vão? Que o bom e o mau tem o mesmo fim? Que o mundo não passa do palco para a auto-destruição e decepção dos sentimentos mais nobres? Se o ateísmo for verdadeiro, então isso é verdade. Mas isso não pode ser verdade. Portanto, Deus existe!”

Claramente, o raciocínio que apresentei acima não prova nada. Ele está baseado no desconforto subjetivo da pessoa em questão, mas daí não segue logicamente que o mundo deve se ajustar ao seu subjetivismo. E o mesmo vale para o neo-ateu. As coisas simplesmente não funcionam assim.  Os argumentos emocionais só tem o valor retórico e de influência psicológica, parando por aí.

O engraçado que em certas questões, como o Problema do Mal (e essa técnica do ateu dramático é bastante aplicada no Problema do Mal), você pode encontrar neo-ateus que admitam que é possível que Deus tenha razões para permitir o mal. Mas eles vão se sentir incomodados ou “impactados” com o Mal, então tentam avançar o argumento por aí, fazendo incomodações emocionais. Mas como escreveu meu amigo Paulo Junio do Teismo.net em texto ainda não publicado:
As pessoas podem se sentir mal com esse problema, podem se sentir mal por terem a impressão de Deus ser um negligente, ou algo do tipo, mas esse ‘sentir mal’ das pessoas não torna o problema do mal nem mais lógico nem mais racional. Apenas dá outras impressões sentimentais, sem nenhum resultado lógico.
E é exatamente isso.

Fim de papo.

Essa é só uma maneira de fazer um parangolé dramático. Se isso acontecer, você já está alerta para o fato de que o apelo emocional não é uma boa base argumentativa.

Aí é só apontar e deixar claro isso para todos.

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Fonte

http://teismo.net/quebrandoneoateismo
                                                                    

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Deus é igual ao Unicórnio cor de rosa invisível

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Nessa objeção, o ateu fará uma comparação entre a crença em Deus e a crença em um ser imaginário, como por exemplo, em um unicórnio cor de rosa invisível. Pode ser mais ou menos assim:

''Você acredita em Deus e eu em um unicórnio cor de rosa invisível. Ambos são imaginários. Hahahaha!''

Para quem não tem algum conhecimento de falácias lógicas (veja meu post sobre falácias aqui) essa objeção pode parecer persuasiva e levar um cristão a ter sua fé ridicularizada, minimizando Deus a um simples ser imaginário. Entretanto, é uma objeção de simples neutralização.

Primeiramente, o ateu comete a falácia da inversão de planos, ao comparar Deus (um ser metafísico, imaterial, espiritual) com um unicórnio cor de rosa (um ser, por definição, físico).

O segundo erro gritante nessa objeção é dar as características de um ser (unicórnio, cor de rosa) e dizer que ele é INVISÍVEL. Esse é um erro de raciocínio grosseiro. Se tem características físicas como forma de poney, um chifre pontudo na testa (características de um unicórnio) e ainda ser cor de rosa, NÃO PODE SER INVISÍVEL!

Em terceiro lugar, ainda há o erro em dizer que Deus é imaginário como o pseudo-unicórnio, mas essa terceira parte da objeção falha do mesmo modo que as anteriores.

Há vários argumentos para a existência de Deus, como o cosmológico, Kalam, o argumento do ajuste fino, argumento moral, da contigência e etc.; o que o deixa em situação totalmente diferente do suposto unicórnio. Sendo assim, há boas razões para se crer em Deus ao invés de rotulá-lo como imaginário.

Resumindo:

(1) A comparação de Deus com um unicórnio cor de rosa é falácia da inversão de planos. Deus é um ser metafísico, o pseudo-unicórnio é físico.
(2) Se o unicórnio é invisível não pode ter características físicas.
(3) Há bons argumentos para se crer em Deus e NENHUM para se crer em um unicórnio cor de rosa. O que faz Deus não ser um ente imaginário.

Conclusão

É uma objeção de fácil refutação mas que vez ou outra aparece em debates com ateus. Apenas um conhecimento mínimo de falácias lógicas neutraliza essa artimanha.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Batizar-se pelos mortos? (Batismo por procuração)

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A doutrina do batismo pelos mortos (conhecido por batismo por procuração) é uma das doutrinas distintivas do Mormonismo e o rompimento com o Cristianismo histórico e Bíblico.  A pergunta de que essa prática tem ou não base bíblica e se foi ou não praticada pela igreja primitiva é o assunto que trataremos neste artigo.

Focalizaremos nossa atenção especificamente para essa prática de batismo para os mortos ensinada pelos mormons. Mas, antes, cabe aqui uma pergunta apropriada: A Bíblia realmente ensina a prática do batismo pelos mortos? Foi ensinada e praticada por Jesus e seus primeiros apóstolos?

Embora o Livro de Mórmon é tido pelos adeptos como contendo ''a plenitude do Evangelho eterno'' (Doutrinas e Convênios 17:5), e embora ensinem ser o batismo pelos mortos um ensino central do evangelho de Jesus Cristo, é esclarecedor sabermos que o Livro de Mórmon não contém nenhuma referência à prática, direta ou indiretamente,  deste ritual. As únicas referências dadas vêm de quatro sessões de Doutrinas e Convênios (124,127,128,138). Este ponto também pode ser verificado conferindo no índice na parte de trás do Livro de Mórmon. O que se verifica, é que o livro não traz nenhuma referência a esta doutrina herética.

Apenas um verso?

O silêncio do Livro de Mórmon quanto ao batismo pelos mortos é um fato importante, por isso, um único verso na Bíblia (I Coríntios 15:29), constitui sua base EXCLUSIVA para os teólogos mórmons. Isto é reconhecido pela Enciclopédia do Mormonismo de 1992.

Em I Coríntios 15:29 está escrito:

''Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressucitam? Por que se batizam eles, então, pelos mortos?''

A primeira coisa que se nota neste versículo é que o batismo pelos mortos não é ensinado de fato, mas apenas mencionado. Dado a natureza escassa de evidência, é especialmente importante seguir princípios sãos de interpretação bíblica, buscando entender este verso.

Dois princípios básicos pertinentes a esta tarefa são: (1) não leia um verso de forma isolada, mas cuidadosamente considere o seu contexto; e (2) use passagens claras e explícitas da Bíblia para interpretar o que está obscuro ou menos claro, não o contrário.

Uma leitura superficial de I Coríntios 15:29 isolado de seu contexto pode sugestionar um aparente apoio para o batismo para os mortos. Porém,  um estudo cuidadoso do verso em seu contexto e na luz de outras passagens bíblicas, deixa claro que isto não é possível.

Seguindo os princípios descritos acima, nós deveríamos fazer várias perguntas, tais como: (1) Há qualquer coisa em I Coríntios (num contexto mais amplo)  que lança mais luz sobre a questão de I Coríntios 15:29? (2) O que o tema e essa linha de argumento tem a ver com o contexto imediato? (3) Como o verso 29 se ajusta nesta linha de argumento? (4) Há alguma outra menção sobre o ensino do batismo, em outras epístolas de Paulo ou em outro lugar do Novo Testamento?

Será que o apóstolo aqui está dando aprovação à doutrina do batismo pelos mortos? Jesus e os outros escritores do Novo Testamento apoiam essa doutrina?

Perguntas como esta nos ajudarão a chegar a uma interpretação precisa do verso 29, e também vão evitar a tentação de ler no texto nossas próprias idéias préconcebidas.

Examinando o contexto mais amplo

Há três outras referências a respeito de batismo em I Coríntios. São elas: 1:14-17; 10:2; 12:13. Em 1:14-17, Paulo menciona o batismo para expressar a preocupação dele sobre contendas e facções nas reuniões entre os cristãos:


“Dou graças a Deus que a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio;para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome.É verdade, batizei também a família de Estéfanas, além destes, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo.”


É bem clara suas palavras quando diz que: “Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho”. Paulo está lembrando aos coríntios que é a mensagem da morte de Cristo por nossos pecados (aceita pela fé genuína) que pode de fato regenerar e pode transformar a pessoa interior, e não o rito externo do batismo. Ele é importante, entretanto, como um sinal externo de fé e obediência. Este fato mostra que os coríntios davam muita importância ao batismo, e que o apóstolo sentia a necessidade de os guiar a um ensinamento equilibrado de seu significado.

Então em I Coríntios 10:2 o apóstolo usa a palavra “batizou” descrevendo os israelitas que cruzaram o Mar Vermelho: “todos foram batizados em Moisés na nuvem e no mar.” Embora este seja um uso figurativo do termo, Paulo usa isto para construir na lembrança deles a prioridade de fé e regeneração interna em cima da questão do batismo (1:14-17). Ele faz uma observação perspicaz dizendo que todos os israelitas que saíram do Egito eram “batizados,” figurativamente, eles não agradaram a Deus: “Mas Deus não se agradou da maior parte deles; pelo que foram prostrados no deserto.” (10:5).

Finalmente, em I Coríntios 12:13 Paulo menciona batismo como um argumento para a unidade Cristã:

“Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.”

Aqui novamente, não é o rito do batismo que vale, mas a realidade da união com Cristo que batismo o batismo representa (Romanos 6:3-4), forjado não através da água, mas pelo Espírito

O orgulho dos crentes em Corinto quanto ao batismo é uma pista importante para se entender o significado de I Coríntios 15:29. Pois como veremos, o apóstolo associa o batismo pelos mortos a um grupo herético dentro da igreja cujo falso ensinamento recebeu atenção especial no décimo quinto capítulo de I Coríntios.

O contexto imediato. O melhor modo para entender qualquer texto na Bíblia é examinar os versos que o cercam. E quando nós lemos I Coríntios 15:29 em seu contexto, fica nítido que é a ressurreição e não o batismo, o único tema dominante ao longo de todo o capítulo 15.

Nos versos 1-11, Paulo declara que após Cristo ter morrido pelos nossos pecados, foi ressuscitado dentre os mortos, fato este que foi amplamente atestado por quase 500 testemunhas, a maioria de quem ele diz ainda estar viva na época.

Então nos versos 12-49 o apóstolo coloca em ordem uma série de argumentos, raciocinando sobre a importância da doutrina da ressurreição do corpo. Aqui, o leitor precisa se lembrar de que a doutrina judeu-cristã da ressurreição, era considerada, loucura, verdadeira tolice entre os gregos antigos (Corinto era uma cidade grega). A menção que Paulo faz do batismo pelos mortos no verso 29 é apenas uma daquelas série de argumentos introduzidos para servir de apoio na defesa que ele faz da ressurreição.

Então a pergunta agora é: então quem em Corinto praticava o batismo pelos mortos. E o mais importante: essa prática tinha a aprovação do apóstolo?

''Alguns dentre vós'' - a chave para a resposta

A pergunta retórica de Paulo no versículo 12 expressa o raciocínio do capítulo: “Ora, se se prega que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos?”

Uma coisa importante que se deve notar é que a série inteira de argumentos nos versos 13-49, especificamente, é apontada para refutar estes falsos mestres dentro da congregação (“alguns dentre vós”) que estão negando a ressurreição abertamente. O esboço seguinte dá uma avaliação da passagem:

1. Se não houver nenhuma ressurreição, Cristo não ressuscitou (v. 13,16);

2. Nosso pregação é vã, nós ainda permanecemos em nossos pecados (v. 14,17);

3. Nós somos considerados como falsas testemunhas (v. 15);

4. Os mortos em Cristo estão perdidos (v. 18);

5. Os cristãos são os mais miseráveis dentre os homens (v. 19);

6. Como a morte veio por um homem (Adão) e seus descendentes, assim também a ressurreição veio por um homem (Cristo) para tudo que pertencem a Ele (v. 20-22);

7. A ordem da ressurreição: primeiro Cristo, as primícias, e depois todos que estão nele na sua vinda(v. 23-28);

8. O ensinamento dos falsos mestres que negam a ressurreição se torna incoerente quando eles se batizam pelos mortos, pois a prática está baseada na esperança da ressurreição (v. 29);

9. Por que sofremos ainda pelo evangelho se não houver nenhuma ressurreição? (v. 30-34);

10. Ressurreição é como uma semente que morre primeiro para então produzir vida (v. 35-38);

11. A natureza do corpo da ressurreição é diferente da do corpo mortal, como a carne de humanos, mamíferos, e peixes são diferentes um do outro (v. 39);

12. O corpo de ressurreição é de maior glória que o corpo carnal, como o sol é de maior glória que a lua (v. 40-41);

13. Mais contrastes entre o corpo da ressurreição e nossos corpos mortais (v. 42-49);

No verso 29 há outra pergunta retórica: ''Doutra maneira, o que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressucitam? Por que se batizam eles, então, pelos mortos?'' Paulo aqui aponta o fato que desde que é o corpo humano que é batizado, esses que executam tal rito por procuração por uma pessoa falecida têm de fazer assim porque eles têm a esperança da ressurreição futura por aquela pessoa. Assim, a função primária do verso é ainda outro argumento em defesa da ressurreição.

Também note que o apóstolo contrasta o grupo herético que praticava isto com ele e a comunidade Cristã de Corinto. Quando se refere aos crentes da comunidade ele sempre usa os pronomes “vós” ou “nós” incluindo a si próprio.

Quem São ''eles''?

Se nós perguntamos quem são aqueles “eles” de que fala o verso 29, o contexto aponta claramente para atrás ao verso 12. São esses dentro da congregação que está negando a ressurreição, e para quem a passagem inteira aponta como refutação. Então o argumento de Paulo fica claro: Estes falsos mestres são contraditórios, pois ao passo que negam a ressurreição, ainda se ocupam com um ritual que está baseado na esperança da ressurreição.

Ironicamente, a Enciclopédia de Mormonismo adere a esta mesma interpretação do verso:

“(...)Paulo recorre claramente a um grupo distinto dentro da Igreja, um grupo que ele acusa de inconsistência entre ritual e doutrina.”

Assim, longe de endossar o batismo pelos mortos, Paulo na verdade associa isto com um grupo a quem ele já identificou como estando em grave heresia.

Mas, então, por que Paulo não refutou essa doutrina? Será que Paulo usou uma pratica a qual não concordava para apoiar algo que ele defendia (a ressurreição)?

Veremos que esta objeção levantada por alguns não tem consistência:

 Em primeiro lugar, Paulo já associou esta pratica com falsos mestres. Sendo assim, parece que não precisou de nenhuma refutação especial.

Segundo, a história mostra que a prática na realidade nunca foi amplamente difundida. Somente algumas seitas isoladas praticaram isto, inclusive a seita dos Marcionitas do segundo século, e a Sociedade de Efrata, um grupo oculto Cristão na Pensilvânia (1700). Na verdade estes dois grupos não têm quase nada em comum e até mesmo menos ainda com o ensino do mormonismo.

Assim a reivindicação de que a doutrina do “batismo pelos mortos” fazia parte do Cristianismo original e que se perdeu com a alegada “grande apostasia” carece de base histórica e bíblica.

Paulo já no inicio da epístola declara que “Cristo me enviou não para batizar mas para pregar o evangelho” (1:16) — é uma lembrança de que o batismo não tem a mesma importância indispensável que a fé em Cristo tem. Este é um golpe direto na doutrina do batismo pelos mortos que aponta o batismo como indispensável para ressurreição e para a vida eterna.

O batismo é necessário para a salvação?

Para que haja o batismo pelos mortos é necessário que seja feito o batismo em água que segundo eles tem poder para perdoar pecados. Porém, observe as palavras do apóstolo Paulo “Cristo me enviou não para batizar, mas para pregar o evangelho” (1 coríntios 1:16). Esta declaração é esmagadora e insinua que o batismo não tem importância igual a fé em Cristo.

O Novo Testamento ensina sim, que batismo é um passo importante de obediência para os cristãos, mas não ensina sua necessidade absoluta para o perdão dos pecados e não garante a vida eterna.

Conflitos com o Livro de Mórmon

Mostramos no começo deste artigo que o Livro de Mórmon está completamente em silencio sobre o batismo pelos mortos. Muito pelo contrário, há evidências substanciais no Livro de Mórmon contra a prática deste ensinamento: (1) ensina que aqueles que  morrem sem ouvir o evangelho (os candidatos primários do batismo pelos mortos) estão vivos em Cristo, então não precisam de batismo, e (2) ensina que o batismo especificamente é um convênio para esta vida mortal, de forma que seria completamente sem sentido batizar pelos mortos.

No primeiro ponto, nota que Moroni 8:22 declara explicitamente que o estado desses que morrem sem um conhecimento do evangelho é como as crianças que morrem na infância:

“Porque eis que todas as criancinhas estão vivas em Cristo, assim como todos os que estão sem a lei, porque o poder da redenção atua sobre todos os que não tem lei; portanto o que não foi condenado , ou seja, o que não está sob condenação, não pode arrepender-se; e para tal o batismo de nada serve”  

Então, do mesmo jeito que o Livro de Mórmon rejeita o batismo infantil, rejeita no mesmo fôlego aqueles que morreram na ignorância.

O próximo verso (23) chama isto de obras mortas:
“Mas é escárnio perante Deus negar as misericórdias de Cristo e o poder do seu Santo Espírito e depositar confiança em obras mortas”

O batismo pelos mortos também está em conflito com o ensino mórmon de que o batismo é um convenio para esta vida mortal (Mosias 18:13)

Conclusão

Vimos  que o batismo pelos mortos é totalmente anti-bíblico, carece de fundamentos. Nós não poderemos nos salvar por nossos próprios méritos ou de algum ritual. O batismo não salva, nem a santa ceia, nem minha carteira de membro. Somente a fé em Jesus Cristo é que faz isto.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Seria a Origem naturalista da Vida uma teoria válida? (Parte III)

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[Esta é a última parte da série de artigos sobre a Origem naturalista da Vida. Sugiro para quem não leu a parte I
e a parte II, que leia, para um melhor entendimento].

Dois cientistas bem renomados calcularam as chances da formação da vida por processos naturais. Eles estimaram que há menos de uma chance em 10 elevado a 40.000 de que a vida poderia ter sido originada por tentativas aleatorias. 10 elevado a 40.000 é 1 seguido pos 40.000 zeros!

Os astrônomos Hoyle e Wickramasinghe afirmam:

''A vida não pode ter tido um início randômico (...) O problema é que há cerca de duas mil enzimas, e a chance de obter todas elas em uma tentativa randômica é de apenas uma parte em (10 elevado a 20) elevado a 2.000 = 10 elevado a 40.000, uma probabilidade escandalosamente pequena que não poderia ser considerada mesmo se todo o Universo constituisse uma sopa orgânica.''

E continuam dizendo:

''Se alguém não está predisposto, ou por crenças sociais ou por treinamento científico, para a convicção de que a vida se originou na Terra, esse simples calculo varre a idéia completamente para fora do tribunal (...) O enorme conteúdo de informações mesmo dos mais simples sistemas vivos (...) não pode em nosso ponto de vista ser gerado por aquilo que normalmente é chamado de processos ''naturais'' (...) Para que a vida tivesse surgido na Terra seria necessário que instruções muito explícitas tivessem sido fornecidas para sua montagem (...) Não há nenhum meio  no qual nós podemos esperar evitar a necessidade de informação, nenhum meio no qual nós podemos simplesmente dar um jeito com uma sopa orgânica maior e melhor, como nós mesmos esperávamos que seria possível há um ou dois anos atrás''. [1]

Fred Hoyle continua, dizendo:

''A noção de que não apenas os biopolímeros, mas o programa operando em uma célula viva possa ter surgido por acaso em uma sopa primordial aqui na Terra é evidentemente uma falta de senso do maior grau (...) Grande número dos meus amigos astrônomos são matemáticos consideráveis, e uma vez que eles se tornem interessados o suficiente para calcular por si mesmos ao invés de confiar em rumores de argumentos, eles podem rapidamente enxergar esse ponto'' [2]

Como alguém pode fazer idéia do valor de um número tão grande? De acordo com a maioria dos evolucionistas, o Universo tem menos de 30 bilhões de anos, e há menos de 10 elevado a 18 segundos em 30 bilhões de anos. Então, mesmo que a natureza pudesse, de alguma forma, ter produzido trilhões de combinações de código genético a cada segundo por 30 bilhões de anos, as probabilidades contra a produção do mais simples animal unicelular por tentativa e erro ainda continuariam sendo inconcebivelmente imensas [Mesmo se uma impressionante quantidade de 1.000 trilhões de combinações aleatórias pudessem ser testadas em cada segundo a cada ano por 30 bilhões de anos (ou seja, 10 elevado a 33 tentativas), as chances restantes continuariam sendo um enorme 10 elevado a 39.967 para 1 contra a formação dos genes necessários, baseado na estimativa de 10 elevado a 40.000 de Hoyle]!

Em outras palavras, as probabilidades favorecem enormemente a idéia de que um projetista inteligente foi responsável até pelas moléculas mais simples de DNA. O químico, Dr. Grebe fala sobre o abandono dessa teoria da origem da vida por parte dos cientistas:

''A idéia de que a evolução orgânica poderia ser responsável pelas complexas formas de vida do passado e do presente tem sido abandonada a tempos, desde então, por homens que compreenderam a importância do código genético do DNA'' [3]

O evolucionista Michael Denton também diz:

''A complexidade do mais simples tipo de célula conhecido é tão grande que é impossível aceitar que tal objeto pudesse ter sido montado repentinamente por algum tipo de evento anormal, enormemente improvável. Tal ocorrência não poderia ser dintinguida de um milagre'' [4]

O astrônomo Fred Hoyle (já citado anteriormente) está de acordo com aqueles que acreditam que a Inteligência foi necessária para criar as primeiras formas de vida. Ele diz:

''Entretanto, uma vez que vemos que a probabilidade da vida ser originada aleatoriamente é tão competamente minúscula que a faz absurda, torna-se sensato pensar que as propriedades favoráveis da física das quais a vida depende são em todos os aspéctos deliberadas (...) Portanto, é quase inevitável que nossa própria medida de inteligência deve refletir (...) inteligências superiores (...) mesmo ao limite de Deus (...) uma teoria assim tão óbvia que estranhamos como ela não é largamente aceita como sendo evidente por si mesma. As razões são mais psicológicas que científicas''. [5]

Ele notadamente afirmou que supor que a primeira célula tenha se originado pelo acaso é como acreditar que ''um tornado varrendo um ferro-velho possa montar um Boeing 747 a partir dos materiais presentes ali'' [6]

E ainda diz:

''A noção de que (...) o programa operando em uma célula viva possa ter surgido pelo acaso em uma sopa primordial aqui na Terra é evidentemente uma falta de senso do maior grau'' [7]

Muitos, se não a maioria, dos pesquisadores sobre a origem da vida agora concordam com Hoyle: a vida não poderia ter surgido pelo acaso ou por qualquer processo natural conhecido. Gregg Easterbrook observa que NENHUM cientista materialista tem:

''qualquer idéia do que faz os compostos químicos começarem a viver. A origem da vida é talvez a principal incógnita da ciência contemporânea''. [8]

O Evolucionista Chandra Wickramasinghe diz:

''...há pouquíssimos fatos empíricos de direta relevância e talvez nenhum fato relacionando a real transição da metéria orgânica àquela que pode, mesmo remotamente, ser descrita como vivente'' [9]

O vencedor do prêmio Nobel, bioquímico que ajudou a desenvolver a penicilina, Dr. Ernst Chain, acrescenta:

''Eu preferiria acreditar em contos de fadas a acreditar em tão desregrada especulação. Eu tenho dito a anos que especulações acerca da origem da vida não levam a nenhum propósito útil visto que mesmo o sistema vivo mais simples é de longe muito complexo para ser entendido em termos da química extremamente primitiva que os cientistas têm usado em suas tentativas de explicar o inexplicável. Deus não pode ser invalidado por pensamentos tão ingênuos'' [10]

Muitos evolucionistas estão agora procurando por alguma força teórica dentro da matéria que possa empurrar a matéria em direção a uma montagem de maior complexidade.Muitos criacionistas acreditam que isso está destinado ao fracasso, uma vez que contradiz a Segunda Lei da Termodinâmica.

É importante perceber que a informação registrada nas mléculas de DNA não é produzida por nenhuma interação natural de matéria. Matéria e moléculas não possuem inteligência inata, permitindo auto-organização em códigos. Não há nenhuma lei física que forneça às moléculas uma tendência natural para se arranjarem por si mesmas em tais estruturas codificadas.

Os especialistas Thaxton, Bradley e Olsen, por esse motivo, corretamente se perguntam:

''Uma comunicação inteligível via sinal de rádio de algma galáxia distante seria largamente aclamada como uma evidência de uma fonte de inteligência. Por que então a mensagem na sequência da molécula de DNA também não constitui numa primeira olhada, evidência de uma fonte inteligente? Afinal, a informação do DNA não é só análoga a uma mensagem em sequência como um código Morse, ela é mesmo uma mensagem em sequência'' [11]

Como um disco de computador, o DNA não tem inteligência. Os cídigos complexos e cheios de propósitos de seu ''programa mestre'' só poderiam ter-se originado no seu exterior. No caso de um programa de computador, os códigos originais foram colocados lá por um ser inteligente, um programador.

Da mesma maneira, para o DNA, parece claro que a inteligência teve de ter vindo primeiro, antes da existência do DNA. Estatisticamente, as chances são enormes a favor dessa teoria. O DNA carrega as marcas de fabricação inteligente.

O Dr. Wilder Smith foi um admirado cientista com três doutorados. Ele era muito bem informado sobre biologia moderna e bioquímica. Em sua considerada opinião, qual foi a fonte dos códigos de DNA encontrados em cada planta e animal?

''...uma tentativa de explicar a formação do código genético a partir dos componentes químicos do DNA (...) é comparável à suposição de que o texto de um livro surgiu das moléculas do papel onde as frases aparecem, e não de qualquer fonte  externa de informação'' [12]

E ainda,

''Como cientista, eu estou convencido de que a pura química de uma célula não é suficiente para explicar o funcionamento de uma célula, embora o funcionamento seja químico. As operações químicas das células são controladas por informações que não residem nos átomos e moléculas da célula. Ha um autor que transcende o material e a matéria de que esses filamentos são feitos. O autor primeiramente concebeu a informação necessária para fazer uma célula, então a escreveu e depois a fixou em um mecanismo que a lesse e pusesse em prática - assim as células constroem-se sozinhas a partir da informação'' [13]

Portanto, diante de tudo o que foi exposto, podemos concluir que a vida não surgiu devido à forças naturais cegas, mas sim, por causa de uma Inteligência criadora. Diante de todas as evidências e depoimentos de estudiosos renomados, fica claro que os ateus estão se apegando a um verdadeiro mito.


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Referências

[1] Fred Hoyle e N. Chandra Wickramasinghe, Evolution from Space, 1981, p. 148, 24, 150, 30,31
[2] Fred Hoyle, ''The Big Bang in Astronomy'', New Scientist, Vol. 92, Nº 1280 (November 19, 1981), p. 52
[3] John J. Grebe, ''DNA Complexity Points to Divine Design'', Science & Scripture, Vol. 3, Nº 3, 1973, p.20
[4] Michael Denton, ''Evolution: A Theory in Crisis'', 1986, p. 264
[5] Fred Hoyle a N.Chandra Wickramasinghe, ''Evolution from Space'' (London: J.M.Dent & Sons, 1981), pp. 141,144,130
[6] ''Hoyle on Evolution'', Nature, Vol 294, Nº 5837 (November, 1981), p.105
[7] Fred Hoyle, ''The Big Bang in Astronomy'', New Scientist, Vol 92, Nº 1280, p 527
[8] Gregg Easterbrook, ''Are We Alone?'', Atlantic (August 1988), pp. 35-38
[9] N. Chandra Wickramasinghe in Vol. 325 oh Philosophical Transcripts of the Royal Society of London (1988), pp 611-618
[10] Ernst B. Chain, as quoted by Ronald W. Clark, The Life of Ernst Chain: Penicillin and Beyond (London: Weidenfeld & Nicolson, 1985), pp.147-8
[11] Charles B. Thaxton, Walter L Bradley, e Roger L. Olsen, The Mistery of Life's Origin: Reassessing Current Theories (New York: Plilosophical Library, 1984), pp. 211,212
[12] Arthur E. Wilder-Smith, The Natural Sciences Know Nothing of Evolution (Santee, California:
Master Books, 1981), p. 4
[13] Arthur E. Wilder-Smith in Willem J.J. Glashouwer e Paul S. Taylor, The Origin of Life, 1983

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Seria a Origem naturalista da Vida uma teoria válida? (Parte II)

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Essa é a segunda parte da série sobre Origem da Vida. Para os que não leram a primeira parte, sugiro que a leiam antes de continuar.

Dentro de cada célula há uma área chamada de núcleo, que contém as estruturas de maior importância: os cromossomos. Os cromossomos são estruturas microscopicamente pequenas, em forma de bastões, que carregam os genes. Dentro dos cromossomos, há uma estrutura ainda menor, chamada DNA (ácido desoxirribonucleico). Essa é uma das mais importantes substâncias químicas do corpo humano - ou em qualquer outro ser vivo. O crescente conhecimento científico sobre as moléculas de DNA tem revelado enormes problemas para o materialismo.

O DNA é uma supermolecula que armazena informações hereditárias codificadas. Ela consiste de duas longas ''correntes'' de ''blocos de construção'' químicos emparelhados. Nos humanos, os filamentos de DNA medem quase duas jardas, e ainda tem menos de um trilionésimo de uma polegada de espessura. [1]

Em sua função, o DNA é como um programa de computador em um CD. Ele armazena e transfese informação codificada e instruções. Diz-se que o DNA humano armazena um código de informações para encher 1.000 livros - cada um com 500 páginas de letras muito pequenas e comprimidas. (Essa analogia, que salienta a complexidade do DNA, foi sugerida por Francis C. Crick, o co-descobridor da estrutura helicoidal do DNA e ganhador do prêmio Nobel de 1962).

O código de DNA produz um produto muito mais sofisticado do que o de qualquer computador. Segundo Radman e Wagner, ''O conjunto de instruções genéticas humanos mede aproximadamente três bilhões de letras''. [2]

Assombrosamente, esse enorme conjunto de instruções cabe com facilidade dentro de uma simples célula e rotineiramente dirige a formação de adultos humanos inteiros, começando de um único óvulo fertilizado. Mesmo o DNA de uma bactéria é altamente complexo, contendo no mínimo 3 milhões de unidades, todas alinhadas em uma sequência muito precisa e significativa.

Muitos cientistas estão convencidos de que um código tão complexo e uma química tão intricada nunca poderiam ter vindo por química pura e sem direção. O pesquisador e escritor Luther Sunderland expõe:

''Quando Watson e Crick descobriram a estrutura helicoidal da molécula de DNA e o modo geral como ela codificava a formação e replicação de proteínas nas células, houve grandes expectativas de que uma explicação científica plausível para a origem da vida estivesse logo além do horizonte. A síntese laboratorial de aminoácidos a partir de substâncias químicas básicas elevou mais ainda as expectativas de que o homem, com toda a sua inteligência e seus recursos, poderia sintetizar uma célula viva. Essas esperanças também têm sido frustradas com o fracasso em gerar vida no laboratório, e os pesquisadores estão afirmando que novas leis naturais precisarão ser descobertas para explicar como o elevado nível de ordem e especificidade de até mesmo uma simples célula pode ser gerado por processos randômicos, naturais.'' [3]

O biólogo George F. Howe, fala sobre as chances da origem naturalista da molécula de DNA:

''As chances de que moléculas de DNA úteis se desenvolveriam sem um Projetista são aproximadamente zero. Então, deixe-me concluir comprovando o que veio primeiro - O DNA (que é essencial para a síntese de proteínas) ou a enzina protéica (DNA-polimerase) sem a qual a sintese do DNA não é nada? (...) Não há virtualmente nenhuma chance de que 'letras' químicas iriam produzir espontaneamente 'palavras' coerentes de DNA e proteínas'' [4]

David Kaufmann, da Universidade da Florida, diz que o problema da origem da vida precisa de uma explicação:

''A Evolução precisa de uma explicação cientificamente aceitavel sobre a fonte dos códigos precisamente planejados do interior das células, sem os quais não poderia haver nenhuma proteína específica e, portanto, nenhuma vida'' [5]

O bioquímico da Universidade da California Duane Gish diz:

''A imensidão do problema é raramente avaliada pelos leigos e geralmente é ignorada pelos próprios cientistas evolucionistas (...) O processo pelo qual a vida originou-se foi assim um processo sobrenatural e não pode ser explicado por processos naturais e leis naturais que estão operando agora no Planeta Terra'' [6]

Não importa como as substâncias químicas são misturadas, elas não criam espirais de DNA ou qualquer outro código inteligente. Apenas DNA reproduz DNA.

Continua...


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Referências

[1] Robert F. Weaver, ''ATCG: A Simple Code of Four Parts Spells Out Life'', National Geographic, Vol 166, Nº 6 (December 1984), p. 822
[2] Miroslav Radman e Robert Wagner ''The High Fidelity of DNA Duplication'', Scientific American, Vol 259, Nº 2 (August 1988), pp. 40-46
[3] Luther D. Sunderland, ''Darwin's Enigma: Fossils and Other Problems, 4th edition (santee, California: Master Books Publishers, 1988) p.8
[4] George Howe, ''Addendum to as a Watch Needs a Watchmaker'', Creation Research Society Quarterly, Vol. 23, Nº 2 (September 1986) p. 65
[5] David. A.Kaufmann, ''Human Growth and Development, and Thermo II'', Creation Research Society Quarterly, Vol. 20, Nº 1 (June 1983), p.28]
[6] Duane Gish, ''A Consistent Christian-Scientific View of the Origin of Life'', Creation Research Society Quarterly, Vol. 15, Nº 4 (March 1979), p.185

terça-feira, 19 de julho de 2011

Seria a Origem naturalista da Vida uma teoria válida?

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Materialistas assumem que a vida surgiu espontaneamente no meio aquatico da Terra primitiva - água que não continha nenhuma vida, apenas materiais e substâncias químicas usadas pelos seres vivos. O microbiologista Michael Denton, Ph.D, M.D, diz:

''Considerando o modo como a sopa pré-biótica é referida em tantas discussões sobre a origem da vida como uma realidade já estabelecida, é de certo modo um choque saber que não há absolutamente nenhuma evidência positiva de sua existência'' [1]

Porque o oxigênio na atmosfera destruiria toda possibilidade de vida surgindo por processos naturais, os materialistas erroneamente assumem que a atmosfera não possuia oxigênio.

Mas, não há prova científica de que a Terra alguma vez tenha tido uma atmosfera sem oxigênio como os Evolucionistas requerem. Rochas mais antigas da Terra contem evidências de terem sido formadas em uma atmosfera com oxigênio. Evidências de oxigênio livre têm sido encontradas em rochas supostamente 300 milhões de anos mais velhas que as primeiras células vivas.[2][3][4]

Eles também assumiam que a atmosfera continha certos ingredientes necessários, incluindo amônia, nitrogênio, hidrogênio, vapor de água e metano. Entretanto, é bem sabido que a mistura desses gases não cria vida. Então, materialistas teorizaram que algo mais seria necessário - talvez descarga de energia.

Várias fontes de energia têm sido testadas na tentativa de criar vida a partir de diferentes misturas químicas. Elas incluem correntes elétricas, faíscas elétricas, radiação ultravioleta, ondas de choque e compostos químicos que emitemintensa energia. Nenhuma produziu os resultados necessários para criar vida.

Há outros problemas bem maiores para a produção da vida. Há numerosas razões pelas quais os aminoacidos se desintegrariam, ou antes, nunca se formariam. Três cientistas, Thaxton, Bradley e Olsen, dizem sobre isso:

''Na atmosfera e nas várias bacias hidográficas da terra primitiva, muitas interações destrutivas teriam reduzido tão vastamente, se não consumido totalmente, as substâncias químicas precursoras essenciais, que as taxas de evolução química seria insignificantes. A sopa teria sido muito diluída por polimerização direta para ocorrer. Mesmo pequenos tanques locais para a concentração dos ingredientes da sopa teriam encontrado o mesmo problema, Além disso, nenhuma evidência geológica indica que uma sopa orgânica, nem mesmo uma pequena poça orgânica, alguma vez tenha existido nesse planeta. Está ficando claro que seja como for que a vida começou na terra, a noção geralmente aceita de que a vida emergiu de uma sopa oceânica de substâncias químicas orgânicas é a hipótese mais inverossimil. Nós devemos, portanto, com imparcialidade chamar esse cenário de ''mito da sopa pré-biótica'' [5]

Além do mais, a vida requer muito mais do que aminoácidos. Uma necessidade é a proteína. Outra é o código do DNA.

Um químico calculou a probabilidade contra a combinação de aminoácidos para formar as proteínas necessárias por meios indiretos. Ele estimou uma probabilidade de mais de 10 elevado a 67 para 1 contra a formação de mesmo uma pequena proteína - pelo tempo e o acaso, em uma mistura ideal de substâncias químicas, em uma atmosfera ideal e fornecido o tempo de 100 bilhões de anos (uma idade de 10 a 20 vezes maior do que a suposta idade da Terra). [6]

Matemáticos geralmente concordam que, estatisticamente, qualquer probabilidade além de 1 em 10 elevado a 50 tem ZERO chance de alguma vez ocorrer. [7]

O matemático Emil Borel concorda que as leis de probabilidade demonstram que: ''Eventos cujas probabilidades são extremamente pequenas nunca ocorrem''.[8]

Vários pesquisadores altamente qualificados pensam ter provado cientificamente, além de qalquer dúvida, que as proteínas necessárias para a vida nunca poderiam ter vindo a existir por acaso ou por qualquer processo natural. O evolucionista Paul Erbrich diz:

''A probabilidade, contudo, da evolução convergentes de duas proteínas com aproximadamente a mesma estrutura e função é muito baixa para ser plausível, mesmo quando todas as possíveis circunstâncias que parecem aumentar a possibilidade de tal convergência estão presentes. Se é assim, então a plausibilidade de uma evolução randômica de duas ou mais proteínas diferentes, mas funcionalmente relacionadas, parece grandemente maior''. [9]

Sendo assim, a probabilidade da formação de proteínas no cenário naturalista proposto pelos evolucionistas é zero. Diante disso, o que o químico, Dr. Wilder Smith conclui ser a afirmação final sobre o assunto?

''O fato é que enfaticamente a vida não poderia ter surgido espontaneamente em uma sopa primitiva desse tipo''. [10]

Continua...


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Referências

[1] Michael Denton, Evolution: A Theory in Crisis, 1986, p. 261.
[2] Harry Clemmey e Nick Badham, ''Oxygen in the Precambrian Atmosphere: An Evaluation of the Geological Evidence'', Geology, VOL 10, (March 1982), p. 141.
[3] ''Smaller Planets Began with Oxidized Atmospheres'', New Scientist, Vol 87, nº 1209 (July 10, 1980), p 112.
[4] John Gribbin, ''Carbon Dioxidem Ammonia - and Life'', New Scientist, Vol 94, nº 1305 (May 13, 1982), pp. 413-416.
[5] Charles B. Thaxton, The Mistery of Life Origin: Reassenssing Current Theories (New York: Philosophical Library, 1984), p. 66.
[6] A.J.White, ''Uniformirarianism, Probability and Evolution'', Creation Research Society Quarterly, Vol.8, Nº 1 (June 1972), pp. 32-37.
[7] I.L.Cohen, Darwin Was Wrong - A Study in Probabilities (P.O.Box 231, Greenvale, New York
11548: New Research Publications, Inc., 1984), p. 205.
[8] Emil Borel, Elements of the Theory of Probability (New Jersey: Prentice-Hall, 1965),
p.57
[9] Paul Erbrich, ''On the Probability of the Emergence of a Protein with a Particular Function'', Acta Biotheoretica, Vol 34 (1985), pp.53-80
[10] Arthur E. Wilder-Smith in Willen J.J. Glashouwer e Paul S. Taylor, ''The Origin of Life, 1983.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Por que não algum dos deuses politeístas?

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                                                                                                     Agradecimentos a Snowball

Nessa técnica, o adversário lhe perguntará o motivo pelo qual optamos pelo monoteísmo ao invés da crença em alguma divindade politeísta. A pergunta pode vir mais ou menos assim:

  • Por que você acredita em Deus e não em Thor, Osíris, Rá e Afrodite?”

Embore exista uma “falha” na pergunta (é uma pergunta pessoal – “Por que você acredita…”) que não me permita responder por todos, vou, obviamente, argumentar no sentido de como eu responderia a tal questão.

Antes de tudo, por trás do nome, quem é “Deus”? Eu o defino como um ser pessoal, transcendental e necessário. Se ele é transcendental, então não tem atributos e características tipicamente físicas (como ter uma cabeça de falcão, barba vermelha ou usar uma cabeça de falcão); se ele é necessário em sua própria existência, então não pode ter passado a existir (como surgir do sêmen jogado no mar – você vai entender isso daqui a pouco, se ainda não entendeu).

Nós temos argumentos que INDICAM a existência de um ser com ESSAS CARACTERÍSTICAS de ser pessoal, transcendental e necessário (e não outras). São argumentos como o da Causa Primária, Cosmológico Kalam, o da Contingência, Moral, Ontológico, etc. Eu os considero racionais e com apelo; portanto, eu posso me justificar neles para acreditar em Deus.

Agora que já sabemos o que eu entendo por Deus e com que base posso justificar minha crença nele, vamos nos perguntar: e quem são Thor, Osíris, Rá e Afrodite?

Arranjei as definições (de forma bem resumida, só para passar a idéia) desses quatro deuses para a análise. Por exemplo:
  • Thor
Thor ou Tor (nórdico antigo: Þórr, inglês antigo: Þunor, alto alemão antigo: Donar) é o mais forte dentre deuses e homens, é um deus de cabelos vermelhos e barba, de grande estatura, representando a força da natureza (trovão) no paganismo germânico, disparando raios com o seu poderoso martelo Mjolnir. Ele é o filho de Odin, o deus supremo de Asgard, e de Jord (Fjorgyn) a deusa de Midgard (a Terra). Durante o Ragnarök, Thor matará e será morto por Jörmungandr. Thor também é chamado de Ásaþórr, Ökuþórr, Hlórriði e Véurr.
  • Osíris
Osíris é, miticamente, a primeira de todas as múmias, dando assim justificativa à prática do embalsamamento. Ísis, sua esposa-irmã, opõe-se à catástrofe da sua morte com a prática da magia, o recurso da mumificação e a milagrosa concepção de Hórus.
Rá ou Ré é a principal divindade da mitologia egipcía, Rá é um deus com cabeça de falcão conhecido como o deus do sol, pela impôrtancia da luz na produção dos alimentos.
  • Afrodite
Afrodite (em grego, Αφροδίτη) era a deusa grega da beleza, do amor e da procriação. Possuía um cinturão, onde estavam todos os seus atrativos, que, certa vez, a deusa Hera, durante a Guerra de Tróia, pediu emprestado para encantar Zeus e favorecer os gregos. De acordo com o mito teogônico mais aceito, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos, que atirou seus testículos ao mar, então o semêm de Urano caiu sobre o mar e formou ondas chamadas de (aphros), e desse fenomeno nasceu Aphroditê ("espuma do mar"), que foi levada por Zéfiro para Chipre. (…) Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, (segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam, mas pela falta de atenção, Afrodite começou a trair o marido para melhor valorizá-la) que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Isso não foi muito sábio de sua parte, uma vez que quando Afrodite usava esse cinto mágico, ninguém conseguia resistir a seus encantos.
Podemos ver quais as características desses deuses; são todos seres com características físicas limitadas (destacadas nos trechos – como ter barba, cabeça de falcão, ter uma esposa-irmã, etc) e que não são necessários (Afrodite, por exemplo nasceu do sêmen de Urano jogado no mar – definição que seria simplesmente inconcebível para Deus!).

Essas quatro divindades são diferentes da divindade Deus? Acho que está claro que, conceitualmente, são. Assim, os argumentos para Deus não podem se aplicar a eles.

Mas que argumentos nós temos para a existência de uma “primeira múmia” ou para um sujeito com um martelo mágico que controla ou dispara os raios? Bom, eu não ouvi nenhum.
Então, esta aí a diferença: Deus é um ser transcendental, pessoal e necessário para qual temos argumentos a favor. Já os outros são seres contingentes, físicos e “arbitrários” para qual NÃO temos argumentos a favor.

Logo, temos argumentos para acreditar na existência de Deus, que é um ser diferente da existência de Thor, Osíris, Rá e Afrodite, que precisariam de argumentos próprios e que, na verdade, parece que não temos. Deste modo, eu posso dizer por qual motivo dou preferência a Deus aos outros seres diferentes dele.

A conversa pode continuar assim: “Mas eu discordo dessa visão. Eu acredito que Thor não é um ser físico com um martelo. Na minha opinião, Thor é o nome de um ser que está além do nosso Universo e que é necessário em sua existência.”

Se você passar a definir Thor como transcendente e necessário, então, tudo bem, nós passamos a falar do MESMO ser! Um ser não se define pelo nome de fantasia que damos a ele – mas pelas características conceituais objetivas de quem se fala. Se você igualou a descrição de Thor à descrição de Deus, então agora estamos falando da mesma coisa, mas apenas com nomes diferentes – sendo o nome um detalhe irrelevante para a discussão”.

Como eu falei naquele mesmo artigo:
A moral da história é: por mais que se queria dar algum outro nome besta qualquer, como Monstro do Espaguete Voador, Mamãe Ganso ou Unicórnio Rosa Invisível, se estivermos falando de seres com as MESMAS características OBJETIVAS… então estamos falando… do mesmo ser!
Talvez ele ainda tente no final: “Ok, mas mesmo assim pode ser tanto Allah quanto Deus. E agora?”

Essa é a técnica “Qual Deus?”. (sim, as técnicas vão se relacionando, pois quando pegamos uma eles trocam para outra – esse é o motivo das referências). “Deus”, “Allah” e “Javé” são três palavras diferentes que se referem ao MESMO ser. São todos o que se comumente se entende por “Deus” (nome próprio) – Allah é até a palavra que os arábes usam para Deus, como “God” em inglês ou “Dios” em espanhol. Então não há diferença alguma entre eles.

E, não, o fato de existirem três revelações (ou mais) diferentes não o fazem serem “deuses” diferentes. Nós temos que fazer duas perguntas para qualquer religião:
  • (a) A divindade de qual essa religião fala existe?
  • (b) Se existe, a forma que ela se revelou/a forma de se fazer o “religamento” com ela, tal qual alegado por essa religião, é verdadeira?
Cristãos, muçulmanos, judeus e deístas concordam no tópico (a) (e os argumentos citados por mim no início servem para dar suporte – inicial, ao menos – para o item (a) apenas). O que eles discordam  por qual forma   certa ou válida Deus se revelou – seja na Torah, seja por Jesus Cristo, seja por Maomé ou seja em nenhuma dessas opções (caso aceito pelos deístas).

E o fato de discordarem sobre como Deus se manifestou ou como Deus agiu na história NÃO os faz falarem sobre um “Deus” diferente. Se adotassemos esse critério, então teríamos que dizer que a cada biografia que traz um perfil diferente de um biografado está se referindo a OUTRA pessoa – quando, na verdade, assim como no caso das revelações, pode ser simplesmente que eles concordem sobre quem estão falando, mas alguns dos biógrafos esteja com uma interpretação falsa ou distorcida da existência dessa pessoa biografada.
Enfim, uma refutação poderia ir assim:
  • FORISTA: Por que você acredita em Deus e não em Thor, Osíris, Rá ou Afrodite? São todos mitológicos igualmente.
  • REFUTADOR: Eu posso dar razões para acreditar em Deus. Existem argumentos, como o Cosmológico, Fine Tunning e Moral que apontam para a existência de Deus. Por isso, Ele é diferente das divindades politeístas.
  • FORISTA: Mas para os fiéis, Krishna e Rá são seu “Deus”. Eles poderiam usar esses argumentos também, portanto.
  • REFUTADOR: Não, não poderiam. Krishna e Rá são seres contingentes, não transcendentes. Para ser Deus, é preciso ser um ser transcendental à matéria, muito poderoso e outros atributos que você pode ler conforme definido pelos filósofos nessas argumentações. Se tiver todos esses, então, você pode chamar de “Deus” ou de “Zé da Esquina”, pois vamos estar falando objetivamente do mesmo ser.
  • FORISTA: Hmmm… Mas você não pode indicar o Deus cristão por isso. Eles servem também para aqueles que chamam de Allah e como eles tem nomes diferentes, então são Deuses diferentes.
  • REFUTADOR: Non-sense. Se fosse pelo seu critério de nomes, ao dar um apelido para alguém eu estaria formando uma nova pessoa. É o mesmo Deus com uma interpretação focada em uma base diferente. (Ah sim: Allah é a palavra deles para “Deus”, assim como “God” nos Estados Unidos).
  • FORISTA: Afirmar que qualquer Deus é o mesmo é crença sua sim. Ponto final.
  • REFUTADOR: Você não argumenta, só chega aqui e diz que “é crença sim”, por decreto. Mas vá lá. Não existe “qualquer Deus”. Deus é um nome próprio, que se refere a uma divindade específica. Assim como não existe “qualquer Thor” ou “qualquer Poseidon”… são nomes próprios que se referem a um tipo específico de ser.
[E assim vai, até acabar com ele]

Conclusão


Para refutá-lo, basta citar os argumentos a favor da existência de Deus e diferenciá-lo dos outros deuses e divindades parelelas. Depois, cuide das técnicas paralelas e as responda também – e voi-lá, mais um estratagema neutralizado.

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Deus existe?

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C. S. Lewis comentou certa vez que a existência de Deus é muito mais que uma questão meramente interessante. Afinal, se Deus não existe, não há nenhuma razão para nos interessarmos por ele. Mas se existe, nosso maior objetivo de vida é nos relacionarmos com este ser do qual depende nossa existência.

Muitos consideram o assunto irrelevante. Quem pensa assim demonstra que não refletiu seriamente sobre o problema. Até mesmo filósofos ateístas como Sartre e Camus admitiram que a existência de Deus é importante para a humanidade. Proponho três razões para meditarmos sobre a importância de Deus.

Sem Deus, a vida não tem sentido

Imagine que não há vida após a morte. Nesse caso, pouco importa a maneira como vivemos, pois se não precisamos prestar contas de nossos atos a Deus, significa que ninguém será punido ou recompensado por suas ações. Do ponto de vista moral, nossa existência se torna irrelevante. É óbvio que a vida ainda possuiria significado relativo, no sentido de que influenciamos outras pessoas ou alteramos o curso da história. Algum dia, entretanto, o universo se esfriará por completo e tudo perecerá. Quando isso acontecer, não fará nenhuma diferença as contribuições dos cientistas para o avanço do conhecimento, as pesquisas médicas para aliviar a dor e o sofrimento, o empenho dos diplomatas para garantir a paz no mundo, o sacrifício para melhorar a qualidade de vida da humanidade etc.; tudo terá sido em vão.

Sem Deus, não há esperança


Ou melhor, sem Deus não há esperança de nos livrarmos do mal. Embora muitos questionem como um Deus bom pôde criar um mundo com tanta maldade, na verdade a maior parte do sofrimento é causada pelo próprio ser humano. Os horrores das últimas duas guerras mundiais destruíram a ingenuidade otimista do século XX quanto ao progresso moral da humanidade. Se Deus não existe, estamos presos a um mundo sem esperança, repleto de sofrimento gratuito e sem a menor condição de erradicarmos o mal.

Além disso, se não há Deus, não há como escaparmos do envelhecimento e da morte. Talvez os mais jovens tenham dificuldade para compreender isso, mas a menos que o indivíduo morra jovem, em breve travará uma guerra perdida tentando impedir o avanço inevitável do envelhecimento e das doenças (possivelmente incluindo a senilidade) e, ao final (se não há vida após a morte) deixará de existir. O ateísmo, portanto, é uma filosofia sem esperança.

Em contrapartida, se Deus existe a vida adquire significado e esperança, além da possibilidade de conhecê-lo e amá-lo pessoalmente. Pense em um Deus bom e infinito que deseja amá-lo e ser seu amigo. Que mais o ser humano poderia desejar? Se Deus existe, sem dúvida faz toda diferença acreditar nele, não apenas para a humanidade, mas para você e eu.

Apesar de nenhum desses argumentos provar de modo categórico a existência de Deus, demonstram que faz toda diferença se Deus existe. Ainda que as evidências a favor e contra fossem absolutamente iguais, creio que a atitude mais racional seria acreditar em Deus. Em outras palavras, se houvesse 50% de chance de Deus existir ou não, porque alguém escolheria a morte, a futilidade e o desespero em detrimento da esperança, do propósito e da alegria?

Entretanto, não acredito que as evidências sejam absolutamente iguais e quero expor cinco razões plausíveis para você acreditar em Deus. Muitos livros foram escritos sobre cada uma delas, de modo que minha intenção aqui é apenas apresentar um breve resumo. Todo ser humano possui em sua psique a vontade de procurar sentido nas coisas e compreender a realidade como ela é de fato. Observe que a existência de Deus faz sentido para explicar diversos fatos de nossa existência.

1. A existência de Deus explica a origem do universo


Alguma vez você se perguntou de onde surgiu o universo? Por que existe algo ao invés de nada? Alguns acreditam que o universo é eterno e ponto final. Mas essa não é uma resposta racional. Basta refletir: se o universo nunca teve um começo, significa que houve infinitos acontecimentos no passado. A matemática, entretanto, demonstra a incoerência de afirmar a existência real de um número infinito de coisas. Por exemplo, quanto é infinito menos infinito? De acordo com a matemática, o resultado é contraditório. Isso mostra que o infinito é apenas uma concepção mental e não algo que existe na realidade. David Hilbert, possivelmente um dos maiores matemáticos do século XX, afirma: "O infinito não existe no mundo real; não existe na natureza e não fornece base legítima para o pensamento racional. O infinito existe apenas no mundo das ideias." [1]

Considerando que os acontecimentos passados não são imaginários, mas fatos reais, o número de acontecimentos passados não pode ser infinito, de modo que há apenas uma conclusão lógica: o universo teve um começo. Surpreendentemente, essa conclusão vem sendo confirmada pela ciência moderna por meio de várias descobertas astronômicas e astrofísicas. Hoje temos evidências concretas de que o universo não é eterno, mas teve um início cerca de 13 bilhões de anos atrás por meio de um evento cósmico conhecido como Big Bang. Esse evento deu origem ao universo literalmente a partir do nada, isto é, toda a matéria e energia, inclusive o próprio espaço e o tempo, passaram a existir a partir dessa "explosão". Conforme explica o físico P. C. W. Davies, "o surgimento do universo, de acordo com a ciência moderna [...] não se trata apenas de impor ordem [...] sobre um estado de caos anterior; antes, estamos falando do surgimento de todas as coisas físicas literalmente a partir do nada".

Várias teorias alternativas têm sido propostas ao longo dos anos para tentar contornar essa conclusão, porém a teoria do Big Bang continua sendo a única alternativa plausível na comunidade científica. De fato, em 2003 os cientistas Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin provaram que nenhum universo em estado de expansão cósmica pode existir eternamente, mas deve necessariamente ter um início absoluto. Vilenkin afirma:

Diz-se que o argumento convence homens racionais, e a prova convence até mesmo os irracionais. Agora que temos a prova, os cosmologistas não podem continuar a se esconder atrás da possibilidade de um universo eterno no passado. Não há escapatória, precisam enfrentar o problema do nascimento cósmico.[3]
Anthony Kenny, professor da Universidade de Oxford, exprimiu a questão de modo contundente: "A menos que sejam ateístas, os proponentes da teoria do Big Bang são forçados a acreditar que o universo surgiu do nada".[4]

Essa ideia, entretanto, não faz sentido, pois não é possível algo surgir do nada. Então por que o universo existe, ao invés de nada? De onde surgiu? Deve ter havido uma causa que o produziu. Esse argumento pode ser resumido da seguinte maneira:

1. Tudo o que tem um começo tem uma causa.
2. O universo teve um começo.
3. Portanto, o universo tem uma causa.

Se as premissas 1 e 2 são verdadeiras, a conclusão é inevitável.

Considerando as circunstâncias envolvidas, esta causa que deu origem ao universo é uma entidade não-criada, imutável, eterna e imaterial. Não é criada porque, conforme observamos anteriormente, não é possível haver um regresso infinito de causas; é eterna (e, portanto, imutável, pelo menos em sua existência fora do universo) porque criou o tempo; e porque também criou o espaço, deve transcender a este; portanto, é um ser imaterial, isto é, não-físico.

Além disso, pode-se dizer que é um ser pessoal, pois de que outra maneira uma causa eterna produziria um efeito temporal como o universo? Se a causa fosse um conjunto inevitável e suficiente de estados e operações mecânicas, não poderia existir de modo independente do efeito. Por exemplo, a causa do congelamento da água está na diminuição da temperatura para menos de 0º centígrados. Se a temperatura tivesse permanecido abaixo de 0º centígrados desde o passado eterno, toda água que existe hoje estaria congelada desde a eternidade; nesse caso, seria impossível que a água tivesse começado a congelar apenas em um período finito de tempo atrás. Portanto, se a causa existe continuamente, o efeito também deve existir continuamente. A única forma de uma causa ser eterna e seu efeito ter início em determinado momento é supor que se trata de um agente pessoal que escolheu livremente produzir um efeito no tempo, sem nenhuma relação com circunstâncias predeterminadas. Por exemplo, um homem sentado eternamente pode decidir levantar-se. A partir disso inferimos não apenas uma causa transcendente para o universo, mas o próprio Criador.

É um fato extraordinário que a teoria do Big Bang confirme exatamente aquilo que os cristãos sempre acreditaram: no princípio, criou Deus o universo. Qual conclusão parece mais sensata: Deus criou o universo ou este surgiu do nada, sem causa?

2. A existência de Deus explica o ajuste fino do universo para sustentar vida inteligente


Durante os últimos 40 anos os cientistas descobriram que a existência de vida inteligente depende de um equilíbrio complexo e delicado de condições iniciais que surgiram com o Big Bang. Inicialmente os cientistas acreditavam que, independente de quais fossem as condições iniciais, mais cedo ou mais tarde a vida inteligente teria evoluído por si mesma. Hoje, porém, sabemos que a existência de vida inteligente depende de um conjunto inicial de condições ajustadas a uma proporção incompreensível e incalculável.

Este ajuste fino do universo aparece sob duas formas. Primeiro, ao expressarmos as leis da natureza na forma de equações matemáticas, observamos certas constantes, como a constante gravitacional. As constantes não são determinadas pelas leis da natureza, pois estas são compatíveis com uma ampla extensão de valores para aquelas. Segundo, além dessas constantes, existem certas quantidades arbitrárias estabelecidas a partir das condições iniciais que deram origem às leis da natureza (por exemplo, a entropia e o equilíbrio entre matéria e antimatéria no universo). Todas estas constantes e quantidades se encaixam num âmbito estreitíssimo de valores capazes de sustentar vida. Caso fossem alteradas apenas um milésimo, o equilíbrio seria destruído e a vida não existiria.

O físico Paul Davies calculou que uma pequena mudança de uma parte em 10 em100 na força gravitacional ou na força nuclear fraca seria o suficiente para impedir o surgimento da vida no universo. A constante cosmológica que impulsiona a inflação do universo (também responsável pela recém descoberta aceleração de expansão do universo) é fixada de modo inexplicável em torno de uma parte para 10 em120. Roger Penrose, da Universidade de Oxford, calculou que a possibilidade de a baixa entropia do Big Bang existir por acaso é da ordem de um para 1010(123). Penrose comenta: "Não consigo pensar em nenhuma outra coisa na física cuja precisão se aproxime, ainda que remotamente, de uma cifra como 1 parte para 1010(123)" [5]. E não se trata simplesmente de cada uma dessas constantes ou quantidades apresentar ajustes exatos; é preciso que suas proporções entre si também sejam ajustadas. Como se vê, são improbabilidades multiplicadas por improbabilidades, gerando números incompreensíveis que desorientam a mente.

Há três possibilidades para explicar a presença desse extraordinário ajuste fino no universo: necessidade física, acaso ou planejamento. A primeira alternativa aposta na descoberta da "teoria sobre tudo" que poderia explicar o universo como um todo. Em linhas gerais, essa teoria propõe que tudo que existe deve acontecer exatamente da forma como observamos, de modo que não há possibilidade de o universo não ser ajustado para permitir vida. A segunda opção, ao contrário, declara que o ajuste do universo ocorreu por acaso: ou seja, é mera coincidência o fato de a vida ter surgido nesse universo (como diriam alguns: "Tivemos muita sorte!"). A terceira alternativa rejeita as anteriores e propõe a existência de uma mente inteligente por trás do planejamento cósmico, isto é, alguém planejou o universo com o objetivo específico de permitir o desenvolvimento de vida inteligente.

Em busca do razoável


A primeira alternativa (declarando que não há qualquer razão física para os valores verificados nas constantes) parece demasiado implausível. Conforme declara Paul Davies:

"Mesmo que as leis da física fossem singulares, disso não procede que o universo físico seja singular em si mesmo [...] às leis da física devemos acrescentar as condições cósmicas iniciais [...] Não há nada nos atuais conceitos de 'leis das condições iniciais' sugerindo, mesmo remotamente, que sua consistência com as leis da física implique singularidade. Pelo contrário [...] parece, portanto, que não há necessidade de o universo ser do jeito que é; poderia ter sido diferente". [6]

Por exemplo, o candidato mais promissor à TT (teoria sobre tudo, teoria das supercordas ou teoria-M) não prevê a singularidade de nosso universo. Na verdade, a teoria das supercordas permite algo em torno de 10500 universos diferentes que poderiam ser governados pelas atuais leis da natureza, nada contribuindo para explicar os valores e quantidades indispensáveis ao nosso universo.

Quanto à segunda alternativa propondo que o ajuste fino do universo surgiu por acaso, a probabilidade do surgimento espontâneo de um universo capaz de sustentar vida é tão minúscula que não pode ser considerada do ponto de vista racional. Mesmo que exista um "cenário cósmico" e esse contenha enormes quantidades de universos favoráveis à vida, ainda assim o número desses universos seria incomensuravelmente minúsculo em comparação ao total, a ponto de sua existência ser absurdamente improvável. Mesmo assim, alguns costumam dizer: "Mas poderia ter acontecido!". Quem pensa assim nunca parou para refletir sobre a extraordinária exatidão do ajuste fino necessário à vida. Essa pessoa nunca aplicaria a hipótese do acaso a nenhuma outra área de sua vida (por exemplo, ninguém recorreria ao acaso para explicar, ao acordar pela manhã, o aparecimento de um carro na garagem que estava vazia na noite anterior).

Alguns tentam escapar do problema dizendo que não deveríamos ficar surpresos com o ajuste fino do universo, pois se não tivesse acontecido, não estaríamos aqui para nos surpreender. Ora, é evidente que estamos aqui; portanto, era de se esperar que o universo fosse ajustado para nos receber. Esse raciocínio, todavia, é uma falácia que pode ser facilmente demonstrada por meio de uma analogia. Imagine que você está em viagem no exterior e de repente é preso por um policial que lhe acusa de porte de drogas. Sem qualquer explicação, o oficial o conduz para ser executado diante de 10 atiradores treinados, todos apontando armas para o seu coração. Alguém grita a ordem: "Preparar! Apontar! Fogo!"; você ouve o barulho ensurdecedor dos disparos e momentos depois percebe que continua vivo e sem nenhum arranhão, pois todos os atiradores erraram! Qual seria sua conclusão? Será que pensaria: "Não devo ficar surpreso. Afinal, se não tivessem errado eu não estaria aqui para ficar surpreso. Como ainda estou vivo, era de esperar que todos errassem". Sem dúvida não é isso o que pensaria. Pelo contrário, sua primeira reação seria suspeitar que os atiradores erraram de propósito e tudo não passou de uma armação. Você não ficaria surpreso se pudesse observar que está morto, mas certamente ficaria bastante surpreso se percebesse que está vivo! Da mesma forma, considerando a gigantesca improbabilidade do ajuste fino observado no universo, a atitude mais racional é concluir que não aconteceu por acaso, mas por planejamento.

A fim de resgatar o acaso, entretanto, os proponentes dessa teoria foram forçados a aderir à hipótese da existência de um número infinito de universos aleatórios agrupados dentro de uma espécie de multiverso onde nosso universo estaria inserido. De acordo com essa teoria, em algum lugar nesse multiverso infinito seria possível surgir, por acaso, universos cujas leis da natureza permitissem o desenvolvimento da vida, exatamente como aconteceu conosco. Essa hipótese, contudo, apresenta no mínimo duas falhas gravíssimas.
Em primeiro lugar, não temos nenhuma evidência de um multiverso. Aliás, não há como provar a existência de outros universos. Ademais, convém lembrar a demonstração de Borde, Guth e Vilenkin, provando que qualquer universo em estado de expansão cósmica contínua não pode ter existido desde o passado infinito. Esse teorema também se aplica ao multiverso. Considerando que o passado é finito, apenas um número finito de universos poderia ter surgido até esse momento. Por conseguinte, não há como saber se universos capazes de sustentar vida poderiam emergir desse multiverso.

Em segundo lugar, se nosso universo fosse um membro aleatório de um conjunto infinito de universos, haveria uma probabilidade gigantesca de vivermos em um universo muito diferente do que de fato observamos. Roger Penrose calculou que a probabilidade de nosso sistema solar formar-se por meio de colisões aleatórias de partículas é muito maior que o surgimento espontâneo de um universo capaz de sustentar vida [7].
Portanto, se nosso universo fosse um membro desse multiverso, haveria uma probabilidade enorme de estarmos vivendo em um universo não muito maior que nosso sistema solar. Além disso, a essa altura seria possível observar acontecimentos extraordinários, como cavalos alados surgindo e desaparecendo por meio de colisões aleatórias ou máquinas de movimento perpétuo, uma vez que a ocorrência dessas manifestações seria muito mais provável que todas as constantes e quantidades das leis da natureza surgirem por acaso a partir de um número praticamente infinitesimal de universos capazes de sustentar vida. Universos esdrúxulos como esses seriam mais abundantes nesse multiverso que mundos como o nosso, de modo que já deveríamos tê-los observado. A ausência de tais observações demonstra a invalidade da hipótese do multiverso. É muito provável, portanto, que esse multiverso não exista (pelo menos de acordo com a concepção ateísta).

Portanto, a concepção cristã (o universo foi planejado por um ser inteligente) faz mais sentido que a concepção ateísta (o universo surgiu por acaso). Este segundo argumento pode ser resumido da seguinte forma:

1. O ajuste fino do universo se deve a uma de três alternativas: necessidade física, acaso ou planejamento.
2. Verifica-se que não surgiu por necessidade física ou acaso.
3. Portanto, ocorreu por planejamento.

3. Deus faz sentido para explicar a existência de um padrão moral absoluto


Essa concepção se refere à distinção entre o certo e o errado, independente de lugar, época, cultura e opiniões. Por exemplo, é afirmar que o antisemitismo nazista era moralmente errado, ainda que os idealizadores do holocausto acreditassem que era bom. E continuaria sendo errado, mesmo que os nazistas tivessem ganhado a segunda guerra mundial e conseguissem exterminar ou fazer lavagem cerebral em todas as pessoas que não concordassem com eles. Mas se Deus não existe, então os valores morais absolutos também não existem.

Muitos teístas (e ateístas) concordam nesse ponto. Por exemplo, J. L. Mackie, da Universidade de Oxford, um dos mais influentes ateístas de nosso tempo, admite: "Se [...] existem [...] valores morais absolutos, eles tornam mais provável a existência de Deus do que se não existissem". [8] Porém, a fim de desconsiderar a existência de Deus, Mackie nega que existam valores morais absolutos: "É fácil explicar esse senso moral como sendo produto espontâneo da evolução biológica e social".[9] Michael Ruse, filósofo da ciência, concorda e explica:

"A moralidade é uma adaptação biológica, da mesma forma que mãos, pés e dentes. A ética, considerada como justificação racional de um conjunto de afirmações objetivas sobre algo, é ilusória. Aprecio quando alguém diz 'ame o próximo como a ti mesmo', imaginando com isso referir-se a algo acima e além de si mesmo. Todavia, essa referência não tem fundamento. A moralidade é apenas uma ferramenta de sobrevivência e reprodução [...] E qualquer sentido mais profundo é ilusório".
[10]

Friedrich Nietzche, proeminente ateísta do século XIX que anunciou a morte de Deus, entendeu que essa morte significava a destruição de todo o sentido e valor da vida. Acredito que Nietzche estava certo.

Entretanto, precisamos responder uma questão fundamental, e essa questão não é: "Devemos acreditar em Deus para termos uma vida moral?", pois não estou afirmando que devemos. Nem tampouco a questão é: "Podemos reconhecer valores morais objetivos sem acreditar em Deus?", pois acredito que podemos.
Antes, a questão fundamental é: "Se Deus não existe, como afirmar a existência de valores morais absolutos?" Se Deus não existe, conforme afirmam Mackie e Ruse, então não vejo razão para considerar a objetividade da moral humana. Afinal de contas, se Deus não existe, o que torna os seres humanos tão especiais? Nesse caso, seríamos apenas resultado de um acidente da natureza, criaturas imperfeitas evoluindo em uma minúscula partícula de pó perdida em um canto qualquer de um universo hostil e negligente, fadados a perecer em um espaço relativamente curto de tempo. Na cosmovisão ateísta, o estupro, por exemplo, era considerado algo desvantajoso do ponto de vista social, de modo que se tornou tabu durante o curso da evolução. Essa concepção, todavia, nada contribui para demonstrar que o estupro é uma perversidade moral. Excetuando-se as consequências sociais, a cosmovisão ateísta não oferece nenhum apoio para afirmar que o estupro é algo absolutamente errado. Se Deus não existe, então não há referencial de padrões morais absolutos ao qual submeter nossa consciência.

A verdade, porém, é esta: valores morais absolutos existem de fato, algo que todos reconhecemos em nossa consciência. Não há nenhuma razão para negarmos a realidade desses valores absolutos, assim como não há razão para negarmos a realidade objetiva do mundo material. O raciocínio exposto por Ruse apenas prova, na melhor das hipóteses, que evoluímos em nossa percepção subjetiva dos valores morais absolutos. Ora, se os valores morais estão sendo descobertos gradualmente, e não inventados, nossa percepção gradual e falível da esfera moral em nada altera sua realidade objetiva, assim como nossa percepção gradual e falível do universo físico não altera a realidade objetiva da matéria. A maioria das pessoas concorda com a existência de valores morais absolutos e o próprio Ruse confessa: "O homem que acredita que estuprar criancinhas é algo moralmente aceitável está tão errado quanto quem afirma que 2+2=5".[11]
Estupro, tortura e abuso de crianças não são apenas comportamentos socialmente inaceitáveis: são abominações morais. Em contrapartida, o amor, a lealdade e o sacrifício são virtudes morais verdadeiramente boas. Portanto, se entendemos que existem valores morais absolutos e que estes não podem existir sem Deus, a conclusão lógica e incontestável é que Deus existe. Esse argumento pode ser resumido da seguinte maneira:

1. Se Deus não existe, então os valores morais absolutos também não existem.
2. Contudo, sabemos que existem valores morais absolutos.
3. Portanto, Deus existe.

4. Deus faz sentido para explicar os fatos históricos sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus


Jesus Cristo foi um indivíduo notável. Críticos do Novo Testamento têm chegado a um consenso de que existiu uma pessoa histórica chamada Jesus de Nazaré e que este possuía um senso de autoridade divina singular: falava como se fosse o próprio Deus. Por causa disso, a liderança judaica da época incitou sua crucificação, acusando-o de blasfêmia. Jesus afirmava que o reino de Deus finalmente havia chegado ao mundo em sua pessoa. Como demonstração desse fato, realizou um ministério de milagres e exorcismos. A confirmação definitiva de suas alegações, entretanto, ocorreu em sua ressurreição. Se Jesus de fato ressurgiu dos mortos, trata-se de um milagre sem precedentes e, portanto, clara evidência da existência de Deus.

Muitas pessoas pensam que a ressurreição de Jesus é algo que devemos aceitar ou não somente pela fé. Na verdade, há três fatos históricos estabelecidos e reconhecidos pela maioria dos historiadores do Novo Testamento, fatos que considero as melhores explicações para a ressurreição de Jesus: o túmulo vazio, seus aparecimentos e a origem da crença dos discípulos em sua ressurreição. Verifiquemos rapidamente cada um desses fatos.

Fato 1. O túmulo de Jesus foi encontrado vazio no domingo de manhã por um grupo de mulheres discípulas


De acordo com Jacob Kremer, estudioso australiano que se especializou no estudo da ressurreição: "a maioria dos estudiosos considera firmemente confiável o relato bíblico sobre o túmulo vazio".[12] De acordo com D. H. Van Daalen, é muito difícil refutar o túmulo vazio em termos históricos e aqueles que negam esse fato em geral o fazem com base em conjecturas teológicas ou filosóficas.

Fato 2. Em ocasiões distintas, grupos e indivíduos diferentes viram Jesus vivo após sua morte


De acordo com Gerd Lüdemann, proeminente crítico do Novo Testamento: "Pode-se considerar historicamente confiável as experiências de Pedro e os discípulos após a morte de Jesus, onde este apareceu como o Cristo ressurreto". [13] Estes aparecimentos foram testemunhados não apenas por seus discípulos, mas também por incrédulos e até mesmo inimigos.

Fato 3. Os discípulos que andaram com Jesus passaram repentinamente a acreditar em sua ressurreição, apesar de predisposição em contrário


Após a crucificação e morte de Jesus, os discípulos perderam o ânimo. Isso porque os judeus não concebiam o Messias como alguém que, ao invés de triunfar sobre os inimigos de Israel, teria de sofrer e morrer de forma vergonhosa, como um criminoso. Ademais, a crença judaica sobre a vida após a morte não lhes permitia imaginar que alguém pudesse voltar dos mortos antes da ressurreição geral estipulada somente para o fim dos tempos.

Todavia, os discípulos passaram a acreditar tão firmemente que Deus havia ressuscitado Jesus dentre os mortos que estavam dispostos a morrer por isso. Luke Johnson, estudioso do Novo Testamento na Universidade de Emory, declara: "É necessário uma experiência poderosa, transformadora, para produzir o tipo de movimento que deu origem ao cristianismo primitivo".[14] N. T. Wright, proeminente estudioso britânico, conclui: "É por essa razão que, como historiador, não posso explicar o surgimento do cristianismo primitivo a menos que Jesus tenha ressuscitado, deixando um túmulo vazio atrás de si".[15]

Todas as teorias para explicar estes três fatos (p.ex., que os discípulos roubaram o corpo ou que Jesus não morreu de verdade) foram universalmente rejeitadas pela erudição contemporânea. Não há nenhuma explicação naturalista plausível que explique esses acontecimentos. O teísta cristão, portanto, está plenamente justificado em acreditar que Jesus ressuscitou dos mortos e de fato era quem afirmava ser. A partir disso podemos inferir a existência de Deus por meio do seguinte argumento:

1. Há três fatos históricos acerca de Jesus de Nazaré: a descoberta de seu túmulo vazio, seus aparecimentos post mortem e a origem da crença dos discípulos em sua ressurreição.
2. A hipótese "Deus ressuscitou Jesus dos mortos" é a melhor explicação para estes fatos.
3. A hipótese "Deus ressuscitou Jesus dos mortos" implica que o Deus revelado por Jesus de Nazaré existe.
4. Portanto, o Deus revelado por Jesus de Nazaré existe.

5. Podemos conhecer a Deus e nos relacionar com ele, neste exato momento


Esta declaração não é exatamente um argumento para a existência de Deus. Antes, trata-se de um convite para que você mesmo verifique a existência de Deus de forma prática e independente de qualquer argumento. Para isso, basta apenas falar com ele, agora mesmo. Essa era a forma como as pessoas na Bíblia conheciam a Deus. Conforme explica o professor John Hick:

"As pessoas conheciam a Deus por meio de uma interação dinâmica da vontade divina com as suas, uma realidade absoluta e incontestável, tal qual a chuva e a luz do sol [...] Não pensavam em Deus como uma entidade a ser inferida, mas como uma realidade a ser experimentada. Para eles, Deus não era [...] uma ideia concebida pela mente, mas uma experiência real que conferia significado à vida".[16]

Os filósofos chamam esse relacionamento com Deus de "crença básica adequada", isto é, crenças que não são baseadas em outras crenças; antes, estão fundamentadas em um sistema de crenças pessoais. Por exemplo, a crença na realidade do passado, a existência de um mundo material exterior ao indivíduo e a crença na presença de mentes iguais a nossa. Se refletir sobre essas crenças, perceberá que nenhuma delas pode ser provada cientificamente. Tente imaginar de que forma você poderia provar que o mundo não surgiu apenas 5 minutos atrás, um universo inteiro criado instantaneamente com a aparência de existir a milhares de anos, incluindo até mesmo comida em nosso estômago de uma refeição que nunca consumimos, além de memórias em nosso cérebro de acontecimentos que nunca experimentamos? Ou ainda, como você poderia provar que não é um cérebro preso dentro de um supercomputador que simula todos os seus sentidos e percepções?

Embora sejam chamadas de crenças básicas, não significa que sejam arbitrárias. Pelo contrário, são crenças fundamentais no sentido de que surgem dentro de um contexto de certas experiências. Por exemplo, minhas experiências sensoriais em termos de visão, audição e tato me possibilitam construir, de modo natural, a crença na existência de objetos físicos. Não se trata, portanto, de uma crença arbitrária. Antes, está fundamentada em minhas experiências. Talvez não seja possível provar determinada crença, mas nem por isso deixa de ser perfeitamente racional para o indivíduo que nela crê. Em outras palavras, seria preciso que o mundo enlouquecesse para imaginar que o universo foi criado apenas 5 minutos atrás, ou que somos apenas cérebros presos a circuitos eletrônicos.

Portanto, crenças baseadas em experiências de vida não são apenas básicas, mas adequadas. A fé em Deus se enquadra nessa categoria, pois se trata de uma crença fundamentada em experiências pessoais com o Criador. Esse argumento pode ser resumido da seguinte forma:

1. Toda fé adequada e fundamentada pode ser aceita racionalmente como crença básica, independente de argumentos.
2. A crença de que o Deus da Bíblia existe é adequada e fundamentada.
3. Portanto, a crença de que o Deus da Bíblia existe pode ser aceita racionalmente como crença básica, independente de argumentação.

Caso todo o exposto acima esteja correto, existe o perigo de os argumentos a favor da existência de Deus distraírem a atenção das pessoas com relação ao próprio Deus. Se você busca a Deus com sinceridade, ele se mostrará evidente para você. A Bíblia afirma: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros" (Tiago 4.8). Não devemos focalizar toda nossa atenção nas provas a ponto de não ouvirmos a voz de Deus falando conosco. Para quem estiver disposto a ouvir, Deus se tornará uma realidade viva e imediata.

Concluindo, estudamos cinco razões para acreditar na existência de Deus.
1. A origem do universo.
2. O ajuste fino do universo a fim de sustentar vida inteligente.
3. A existência de padrões morais absolutos.
4. A vida, morte e ressurreição de Jesus.
5. A possibilidade de conhecer a Deus neste exato momento.

Esses argumentos fazem parte de um conjunto de evidências a favor da existência de Deus. Alvin Plantinga, proeminente filósofo contemporâneo, apresentou mais de vinte argumentos a favor da existência de Deus.[17] Considerados em conjunto, esses argumentos formam um corpo de evidências cumulativas bastante convincente. O teísmo cristão, portanto, é uma cosmovisão plausível e deve ser analisado com cuidado por todo ser humano racional.

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Referências

[1] David Hilbert, "On the Infinite", Philosophy of Mathematics, ed. com introdução de Paul Benacerraf e Hillary Putnam, Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1964, pp. 139, 141.
[2] ABC Science Online, "The Big Questions: In the Beginning". Entrevista com Paul Davies, por Philip Adams, http://aca.mq.edu.au/pdavies.html.
[3] Alex Vilenkin, Many Worlds in One: The Search for Other Universes, New York: Hill e Wang, 2006, p. 176.
[4] Anthony Kenny, The Five Ways: St. Thomas Aquinas' Proofs of God's Existence, New York: Schocken Books, 1969, p. 66.
[5]Roger Penrose, "Time-Asymmetry and Quantum Gravity", Quantum Gravity 2, ed. C. J. Isham, R. Penrose, e D. W. Sciama, Oxford: Clarendon Press, 1981, p. 249.
[6] Paul Davies, The Mind of God, New York: Simon & Schuster, 1992, p. 169.
[7] Ver Roger Penrose, The Road to Reality, New York: Alfred A. Knopf, 2005, pp. 762-5.
[8]J. L. Mackie, The Miracle of Theism, Oxford: Clarendon Press, 1982, pp. 115-16.
[9] Idem, pp. 117-18.
[10] Michael Ruse, "Evolutionary Theory and Christian Ethics", The Darwinian Paradigm, London: Routledge, 1989, pp. 262-269.
[11] Michael Ruse, Darwinism Defended, London: Addison-Wesley, 1982, p. 275.
[12]Jacob Kremer, Die Osterevangelien--Geschichten um Geschichte, Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1977, pp. 49-50.
[13] Gerd Lüdemann, What Really Happened to Jesus?, trad. por John Bowden, Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995, p. 8.
[14]Luke Timothy Johnson, The Real Jesus, San Francisco: Harper San Francisco, 1996, p. 136.
[15] N. T. Wright, "The New Unimproved Jesus", Christianity Today, 13 de setembro de 1993, p. 26.
[16]John Hick, "Introduction", The Existence of God, ed. com introdução de John Hick, Problems of Philosophy Series, New York: Macmillan Publishing Co., 1964, pp. 13-14.
[17]Alvin Plantinga, "Two Dozen (or so) Theistic Arguments". Preleção apresentada na 33ª Conferência Anual de Filosofia, Wheaton College, Wheaton, Illinois, 23-25 de outubro de 1986. Disponível online em http://philofreligion.homestead.com/files/Theisticarguments.html.